20/04/2008

Parafraseando o Fernando Pessoa...para ser livre, sê inteiro...

Aqui pra nós, não me leiam como a uma moralista, quem bem me conhece sabe que estou longe disso... É que comungo da concepção que ser livre implica em ser inteiro e se exibir com todo o conjunto que este existir encerra, sendo a sexualidade apenas uma das varias partes prazerosas a ser exercitada, mostrada, declarada...

Mas, reflita ai comigo, esta liberdade sexual toda que temos vivenciado. Em outras palavras, esta erotização do corpo, esta forma de viver a liberdade individual como sendo a liberação do corpo...

Esta coisa de querer ser malhado, ser gostosa, seduzir... Fazer do orgasmo o único prazer alcançável, é mesmo a melhor maneira de sentir-se satisfeito, completo e acabado?

Estaria na sexualidade feminina, a plena forma de expressão criativa e revolucionaria de demonstração da liberdade que a mulher conquistou?
Estaria no macho, em seu cetro fálico, o cerne da sua masculinidade, da sua afirmação como ser criador e modificador da realidade que o cerca?

Enquanto exibimos e nos deleitamos com nossa liberdade individual de forma tão superficial, precária e ego centrista, deixamos de lutar pela derrocada das reais repressões que os nossos corpos sofrem. Que nossas mentes sofrem! Que a sociedade sofre!

O Estado, a família, as religiões, os partidos políticos, são instituições, entre outras, que precisam passar por um processo de reformulação. E como mudar o cenário no qual vivemos se o individuo protagonista e espectador, de sua historia, recusa um roteiro instigador, e encena, pateticamente, uma relação sem pudores com seu corpo e/ou com o do/da parceiro/a, como a genuína demonstração de negação à submissão aos padrões autoritários e falsos da burguesia?
Espera, será apenas mais um escape?

Sexo é bom, muito bom, viver a sexualidade de forma plena, longe de tabus, culpas e preconceitos, é um patamar que já foi alcançado em países progressistas... Mas nestes, não é apenas a forma sexual de se expressar que evoluiu...

Quem tem regulado o botão do desbloqueio da nossa capacidade de pensar, de questionar e de ser pleno e conscientemente livre?

Lu Martins